quinta-feira, 2 de julho de 2020

Teoria da Organização Política – Parte 2


Movimentos Socialistas e Partidos Políticos.
(Por: Gabriel Beserra)


Melka Pinto: A luta política e a consciência de classe - Vermelho 


      Ao continuar na exposição das falas introdutórias de Florestan Fernandes na abertura da primeira conferencia por título 'Movimentos Socialistas e Partidos Políticos', passamos agora para a parte principal do seu pensamento, que é da necessidade que os partidos socialistas possuem de organizar as massas inquietas,  a partir do movimento espontâneo, que tomam as ruas com suas insatisfações nas quais são geradas no centro do sistema capitalista.

“Após o movimento das forças deslancharem ainda com o nível de consciência em si, o movimento socialista ocuparia o centro do palco. Após as massas terem dado esse salto, é que o partido se fazia necessário.”

       Então relata que nesse momento a unificação das forças ficaram prejudicadas pelo dogmatismo, pelo sectarismo e por desvios. Nessa hora as disputas internas para saber quem tinha as palavras de ordem mais corretas. Havia uma não percepção e fragilização em não perceber os movimentos de massas, enquanto segue as disputas internas, segue-se os movimentos.

     E aqui ele aponta o principal erro, que esses partidos organizados em vez de seguirem o sentimento das massas insatisfeitas, começam a se unir aos partidos da atual ordem, como que um revolução, uma mudança do sistema, dentro do sistema e pelos caminhos e regras do sistema.

“Era preciso seguir o processo sem fantasias, lentamente, sem queimar etapas até o dia da avalanche, que seria o resultado da acumulação das forças. (...) O inimigo sabia o que perdia, por isso, ao ser apertado, recorria ao imperialismo.”

      Assim, deixou claro, da necessidade do cuidado com as táticas: “dando prioridade à luta de classes, não a aliança de classes”. E concluiu, reafirmando os dois objetivos centrais, estratégicos e táticos eram: atacar o inimigo comum de classes e direcionar as mobilizações espontâneas contra a ordem.

     Creio que ao leitor desse blog, pessoa de qualificado pensamento, já percebeu que os apontamentos realizados em 1978 por aquele eminente palestrante, ainda hoje são temas centrais nessa luta infrutífera que os trabalhadores do Brasil vivenciam. 

       Acabamos de ver noticiado nos jornais movimentos da classe dos trabalhadores entregadores de encomendas via aplicativos em São Paulo, na qual de forma espontânea a classe trabalhadora se mobiliza frente a nefasta condição de trabalho e renda que sofrem.

       E não por razões outras, podemos apontar, passados 42 anos, os motivos dos fracassos ocorridos nas gestões em que os partidos políticos socialistas, nas quais fizeram todo tipo de alianças políticas, seguiram os moldes do sistema, sem afrontar as diferenças causadas pelo capitalismo, haja vista a inviabilidade de se lutar pelas regras dele contra ele, pois sempre haverá a recorrência ao imperialismo.

     Ao se misturar alianças de classe, em vez de lutas de classes, fazendo alianças com partidos e forças conservadoras, que lutam, dia e noite, pela manutenção do status quo, não seriam diferentes os resultados para as classes inferiores. 

Sem falar nos conflitos internos...

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