Faça Sexo, não faça Guerra - Por Gabriel Beserra
Em 1978 foi realizada no Brasil, em plena ditadura militar, uma conferencia com o nome: “Movimento Socialista e Partidos Políticos”. Já em sua introdução Florestan Fernandes nos alertou para algumas questões:
- A ideia do enfraquecimento do autoritarismo só é vantajosa a si mesmo, nenhum regime, ou ideia desse regime (autoritário), estará derrotado enquanto não for totalmente derrotado definitivamente;
- Se as pessoas não acreditarem nessa possibilidade real ditatorial elas não lutarão contra.
Para aquele orador era preciso uma definição simples que melhor caracterizasse o movimento socialista brasileiro da época, e assim introduzir uma estratégia revolucionária. Na sua visão, o movimento socialista era a confluência das forças anticapitalistas, tanto para impulsionar as reformas sociais, quanto para alimentar a revolução contra a ordem e organizar a sociedade em novas bases. E os partidos, também socialistas, seriam a forma de organização institucional dessas forças.
Para Florestan Fernandes os partidos políticos socialistas estavam fracos, sem organização e movimento. Entenda movimento como “um movimento para frente”. Segundo ele há uma relação entre o movimento socialista, o partido e a classe, que sempre é o elemento central (a classe) que condiciona e regula o vigor do movimento e do partido. Então, propôs estabelecer um ponto de partida de visão estratégica. E esse ponto não deveria ser o capitalismo, mas o socialismo, uma alternativa para o padrão de civilização.
Para ele o capitalismo não consegue eliminar suas contradições fundamentais, como: o desemprego (reserva de mercado), desigualdades sociais e regionais, etc. E por quê?! Porque se eliminasse essas contradições, desapareceria. O socialismo nasce da eliminação dessas contradições.
Aí está à definição mais direta do que seria o socialismo.
Para Fernandes é necessário haver uma utopia estratégica central forte. Em sua visão a burguesia não é capaz de realizar revoluções, só de organizar contrarrevoluções para garantir a defesa final da ordem capitalista.
Ele ocupou-se em descrever as táticas que impulsionam o processo para frente, que se resume em mobilizar os diferentes setores explorados e pensar na luta de classes como pressões radicais de baixo para cima. Na época (1978) já haviam movimentos estudantis e na Igreja Católica, mas o conflito principal, para ele, seria aquele que punha o operariado contra o sistema, numa superação do sindicalismo e obrerismo (atual empreendedorismo?), pois ia além da categoria. Visava à transformação da sociedade.
Os temas debatidos naquela conferencia, mesmo ainda que de forma introdutória, ainda hoje, se não em qualquer tempo, são de fundamentais as necessidades dos trabalhadores.
Vivemos na sombra da implantação de um novo regime autoritário brasileiro, sob o manto de uma autocracia burocrática que veio na forma de contrarrevolução (‘Combate a corrução’?) para conter os avanços mínimos sociais dos governos do PT.
E se você leu até aqui esperando eu falar sobre sexo e guerras então valeu a liberdade literária do título.
(Teoria Política – Parte 1. Movimentos Sociais e Partidos Políticos)
Por: Gabriel B.
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